BOTEM FÉ E OREM POR MIM

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Minha comadre ligou propondo que fôssemos até Copacabana de bicicleta para assistir à missa do Papa.
- Oi? Bicicleta? Amiga, eu não sei andar de bicicleta, lembra?, respondi espontaneamente, crente que depois de mais de duas décadas de amizade, ela estivesse cansada de saber desta minha limitação motora. Pobre de mim. Do outro lado da linha saiu um “O quê”? quase silencioso entre uma gargalhada que vinha do âmago de seu ser.
- Só você mesmo, só você ... prosseguia gargalhando a madrinha do meu caçula. Tá, eu confesso que também morro de rir de mim mesma toda vez que preciso explicar isso para as pessoas. Tá, antes disso eu confesso inclusive que sempre rezo para os assuntos passarem bem longe das bicicletas. Claro, é incrível que alguém não saiba pedalar, né? Aliás, em tempos de sustentabilidade, eu diria até que é inadmissível, uma vergonha total. Ainda mais aqui no Rio de Janeiro, lugar de corpos sarados, malhados, montanhas sensuais, um convite à saúde, bem-estar e, lógico, aos passeios ... de bicicleta. Até a minha filha de oito anos já entendeu isso:
- Mamãe, vamos pedalar na Lagoa comigo?
Minha menina nasceu radical. Para o meu azar ou o dela ... sei lá, mas, o fato é que ela ama tudo o que tem rodas. Patins, skate, rolimã ...  bicicletas, obviamente. Pânico geral para Mamita. Nossa! Como é difícil falar a verdade para os filhos. Principalmente quando a verdade significa frustá-los, privá-los de um momento único em família. Ufa! E como dizer para a minha garotinha que a mãe dela não sabe andar de bicicleta?!?! Não tive coragem. Não disse. Achei por bem desconversar, poupá-la desta violência, mantê-la longe de paranoias e limitações que não são dela. Sim, porque vamos combinar: quantas coisas levamos em nossa bagagem de vida que não nos pertencem? Algumas nem sabemos explicar por que carregamos e muito menos de onde vieram. Minha avó paterna, por exemplo, passou uma vida inteira certa de que era doentinha, de que a sua saúde era bem frágil, etc e tal. Pois bem, aos oitenta e tantos anos de idade fraturou o fêmur e ela sofria de Parkinson. Adivinhem o desenrolar? Voltou a andar sozinha e perfeitamente, como se nunca tivesse quebrado nada e muito menos uma doença degenerativa corroesse o seu corpo. Não  consegui me segurar e um dia, mandei ver: - Vovó, quem foi que te enganou este tempo todo e desta forma? Sim, porque a senhora tem é uma saúde de ferro!!! Enfim, voltando ao tema duas rodas, larguei a bicicleta da criança na casa da minha irmã e quando ela deseja curtir ... “casa da tia.” Tá, pode até não ser uma atitude muito madura, mas faz parte do meu instinto materno de sobrevivência e isso é legítimo, vai?
Minha comadre aquariana sentenciou: - Querida, é um absurdo você se submeter ao conformismo de não andar de bicicleta. Precisa resolver isso! E depois de andar léguas para assistir à missa do Papa, ida e volta até Copacabana, tenho que dar razão a ela. Até porque, cada ciclista que passava por mim no percurso, reconheço, me dava água na boca. Bom, vou providenciar umas aulinhas urgente. Quem sabe, quando Sua Santidade voltar ao Brasil, eu já não esteja até pegando onda? Hein? Ha! Botem fé e orem por mim!!!!

Até a Próxima!

Paula Santtana