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Uma amiga que tem um filho com pouco mais de uma
aninho de idade está esgotada. É visível. Alma,mente e corpo completamente
exaustos, consumidos e sugados pela opção de ser mãe no mundo moderno. Ela
trabalha duro. Pega às nove. E para estar em ponto no local de trabalho, que
fica do lado oposto da cidade, podem imaginar a que horas precisa acordar?!
Selvagem! E quando o dia corporativo termina, lá pelas oito da noite, ainda tem
que resolver as coisas da casa, do filho, se dedicar a vida conjugal.
Estou lendo um livro chamado “Faça Acontecer”,
escrito por Sheryl Sandberg, alta executiva do facebook .Para ela, nós, as
mulheres, ainda sofremos porque cultivamos o velho hábito de não reivindicar. E
acha que este comportamento é uma grande sacanagem de nossa parte com aquelas
outras mulheres, sabem, que lá atrás queimaram sutiã em praça pública, brigaram
muito para que tivéssemos mais espaço, respeito e principalmente: o direito de
escolha. Ainda não terminei de ler, confesso que nem cheguei na metade ainda,
mas até aqui, a autora acredita que é possível conciliar maternidade e carreira
sim. Desde que queiramos. E ilustra com simplicidade. Conta, por exemplo, que
uma funcionaria grávida de determinada empresa em que trabalhou no passado decidiu
solicitar que no estacionamento privativo da corporação, as gestantes tivessem
prioridade sobre os demais empregados. Resultado? Foi atendida. Conclusão? As
colegas de trabalho estão até hoje se perguntando por que não fizeram isso
antes. Então, de acordo com a lógica de Sheryl, diante de tecnologias tão
avançadas à nossa disposição, por que não batalhamos por uma rotina menos
cruel? Por que vivemos um desgaste tão grande diariamente? Seria por medo de
perder o emprego? De exposição? Ficarmos marcadas? Insegurança profissional? O
milenar complexo de inferioridade? Ou será que de maneira inconsciente nos
punimos e nos sabotamos por desejarmos ocupar um espaço que teoricamente seria
“exclusivo” dos meninos? Pior, sentimos culpa por sermos tão boas quanto eles?
Muitas vezes até melhores?
Passei a vida presa aos dilemas propostos por
Sheryl Sandberg que envolvem toda esta engrenagem de ser ou não ser.
Principalmente porque meu instinto materno sempre foi muito forte, aguçado e
como fui mãe muito cedo, nunca me conformei com a rigidez imposta pelo mercado
de trabalho. E continuo achando ridículo, ainda hoje, em pleno século XXI, que
não haja uma política efetiva neste sentido, que não tenhamos horários mais
flexíveis, formatos alternativos. Ninguém me convence de que o modelo
estabelecido seja satisfatório ou um sucesso. Que seja saudável. Alguma
coisa sempre fica pendente: ou a educação das crianças ou o trabalho específico
ou então a saúde de alguém. Existe mulher biônica? Bem, eu não tenho uma estatística,
mas o que vejo a minha volta o tempo todo é muito preocupante. Exemplos: Uma
amiga (e não é a do inicio do post) acaba de descobrir uma bola situada entre o
fígado e o rim, vai ter que operar de emergência e segundo o especialista que a
acompanha, um conjunto de fatores como má alimentação, noites mal
dormidas, somatizações favoreceram o aparecimento da tal “coisa”. Outro: minha
vizinha não engravida de maneira nenhuma e os médicos dizem que o problema dela
foi a falta de utilização do aparelho reprodutor. Ou seja, as mulheres estão
demorando muito para engravidar, enfatizam a carreira antes de tudo e o
organismo não entende tudo isso. Conclusão: dá defeito. E talvez agora
ela nem possa mais ser mãe. Selvagem! Mais um ainda: outra amiga acaba de se operar
e, de acordo com o especialista que a assiste, o nome do problema é estresse.
Ela vai ter que dar um tempo na marra.
Isso sem contar as que precisam de um gole todos os dias, nicotina, remédios
para dormir ou que começam a ter distúrbios sérios como a obesidade porque
encontram na comida a válvula de escape. E olha que os parceiros de hoje,
graças às queimadoras de sutiã lá do passado, até ajudam um pouquinho, hein?!
Trocam uma fraldinha aqui, participam ali, pegam na escola, levam no futebol,
enfim, colaboram, mesmo que de leve. Já pensaram se nem isso?
As coisas estão fora do ideal e Sheryl nos
desafia a buscarmos o melhor. Eu concordo. É urgente esta mudança, nem que seja
para salvar as gerações futuras de visões distorcidas. Como assim? Sabem aquela
amiga do início do post? Que está exausta? Pois bem, ela acha que o filho é
muito agitado, é acelerado além da conta, cansa ela de mais, não para um
minuto. O menino? Absolutamente normal. Só que começou a andar recentemente,
está na fase das descobertas, quer desbravar os ambientes. Percebem o
descompasso entre mãe e filho? E tome tablet para manter a criança quietinha,
paradinha, sentadinha, tipo “bonequinho da mamãe”. E antes que interpretem como uma crítica, já aviso que, ao contrário, sou é totalmente solidária a minha amiga. A todas elas, aliás. Me dá embrulho no estômago a crueldade do sistema vigente. Literalmente!
Até a próxima!
Paula Santtana