UMA QUESTÃO DE SOBREVIVÊNCIA


Google Imagens



A professora perguntou em sala de aula:
- Crianças, do que é que vocês têm mais medo? Podem dizer até três coisas, ok?
O filho de uma amiga respondeu:
- De alma penada, de violência e da minha mãe.
Confesso que ri muito quando ela contou. Muito bom isso! “Da minha mãe” é ótimo!!! Vejam que o menino a colocou no mesmo patamar dos fantasmas, dos bandidos, enfim, do circo dos horrores, uma derrota total. Rsrsrsrs. Confesso também que me vi completamente na situação. Tipo: Minha mamãe é a monstra mais ameaçadora do planeta. Eu vejo isso na cara dos meus filhos constantemente. Selvagem!!! Será preocupante?
O assunto entre mim e minha amiga girava em torno das facilidades e dificuldades de ser mãe. Trocávamos uma ideia a respeito e concluímos que o mais foda de tudo é encontrar o tal do tom. E me desculpem o palavrão, mas é que já estou exausta de fazer o papel da bruxa má sem poder xingar! Poxa, passei a minha infância inteira sonhando em ser a Ariel, morar numa praia linda e de repente, o que me sobrou foi o papel da maquiavélica tenebrosa?!?!? Frustrei, sabem? Aposto um doce que meu marido também. Nós não imaginávamos quem habitava o âmago do meu ser. Rsrsrsrs. Justificado o palavrão?
Bom, mas voltando, encontrar o tal do tom é o x da questão. Quase um ponto G. Equilibrar é coisa para monge, não para mãe. Vez ou outra tenho muita vontade de reformular certas historinhas que nos levam a crer que a vida é infantil do início ao fim. Que criança é uma gracinha e pronto. Nada disso! Tem menino que é arretado de cabo a rabo. Tem criança que eu quase posso jurar que pede para apanhar. E longe de mim fazer apologias. Pelo Amor! Agressão física nada tem de saudável, está longe do ideal, mas que uma chineladinha de vez em quando é capaz de remover montanhas, lá isso é. Difícil à beça este lance de educar, de encontrar o tal tom, criar filhos, principalmente no mundo “politicamente correto que se estabeleceu”. Para usar uma expressão bem típica: “É do cu, carijó”. E desta vez não vou nem me desculpar, porque é tão regional este termo, que podemos dar um enfoque lúdico se quisermos. Quem sabe uma hora até vira patrimônio cultural?
Outro dia fui patinar com minha filha e na volta encontramos uma amiga que estava com a mãe tomando um café. Resolvi sentar, minha ideia era apenas beber uma água, marcar um tempinho e ir para casa almoçar. No tal Bistrô, não aceitavam a bandeira do meu cartão e diante do provincianismo constrangedor do local, gentilmente a mãe de minha amiga se prontificou a oferecer uma bebida. E tudo teria sido maravilhoso, feliz e tranquilo se minha filha não tivesse decidido despertar naquela hora a aprendiz de bruxinha que vive dentro dela. A menina resolveu pedir o cardápio inteiro, resmungou com propriedade, fez má-criação em alto e bom som ao ser contrariada, encarnou a falta de educação em pessoa enquanto eu ... eu ficava cada vez mais sem ação, atônita, sem palavras na situação. Tentando achar o tal do tom entre a minha vontade de enchê-la de palmadas, colocar limite na marra, e o que manda o equilíbrio, o tom indicado. Dizem que sou muito brava, corriqueiramente me acusam de ser rígida demais e então, naturalmente já me sinto um pouco fora do tom. Podem imaginar meu conflito? O fato é que naquele momento entendi perfeitamente o filho da amiga a que me referi no início da crônica de hoje. Só que às avessas. Ou seja, a minha resposta para a professora teria sido: Tenho medo de gente má, de doenças em geral e dos meus filhos. Rsrsrsrs. Simples assim! Moral da história? Conclusão? Sei lá, ainda não achei o tom certo do negócio todo, mas como meu instinto de sobrevivência ainda é algo imutável e mais forte do que eu, confesso que prefiro ver a mãe dos outros chorar primeiro. Traduzindo: antes meus filhos com medo de mim, do que eu com medo dos meus filhos.  

Até a próxima!!!






Paula Santtana

SER MÃE É ...


Google Imagens



Me parece que a opção Maternidade virou sinônimo de problema, de falta de competência, de aberração, de “subemprego”. Conheço gente que ainda acha limitada e medíocre aquela Mulher que decidiu ser Mãe em tempo integral, que resolveu largar emprego, independência financeira e todo o status que vem acoplado, para se dedicar exclusivamente aos Filhos e ao Lar. E sim, quero utilizar letra maiúscula para me referir a Filhos, Maternidade, Mãe, Mulher e Lar. É de propósito. E não, este tipo de opinião não é uma particularidade dos homens não. Tem um grupo de mulheres por aí que insiste em denegrir a imagem das outras que não querem ou não concordam com a dupla jornada escalpelante que se estabeleceu.  Parece coisa de gente recalcada. Que precisa diminuir para se sobrepor. Sei lá ... estranho `a beça. 
Minha comadre acha que as coisas passam pela palavra Dom, de que é preciso que haja embocadura para o riscado, talento para ser Mãe. Uma grande amiga minha, ao contrário, acredita que vivemos a era da deturpação, onde ninguém na verdade está satisfeito com seu lugar ao sol. Aí tem ... mulher querendo ser homem, homem querendo ser mulher, criança que deseja ser adulto, adulto que insiste em se comportar como criança ... o samba do crioulo doido. Será que serei processada? Denegrir ... Crioulo doido ..... etc e tal ... um saco geral. Retificando em tempo: o samba do branquinho doido. E .... ah! Querem saber? Que se dane, é denegrir mesmo e pronto. Ficou uma duvida: Judiar? Vou ter que pesquisar.
Achei interessante o Papa Francisco, o atual queridinho de nove entre dez, reverenciar a figura feminina, ou melhor, a figura da Mãe o tempo inteiro durante a JMJ. Calado, com o terço em punho ou em seus discursos contundentes e precisos, rebuscados pela delicadeza que lhe é peculiar, era um tal de Maria para cá, Maria para lá, Mãe aqui, Mãe ali. Como se quisesse dizer ... “Ser Mãe não é pecado”. “Ser Mãe não é doença.” “Ser Mulher é algo Nobre, Especial .... pipipi, pópópó., pão quente.” Foi o que me passou Sua Santidade. Não? Equivoquei?
Semana passada falei sobre o mercado de trabalho e suas crueldades e nesta, me deu vontade de concluir a questão tipo Papa Francisco: batendo palmas para aquelas que optaram pela Maternidade, que abriram mão de suas autonomias, suas vaidades, seus desejos e vontades pessoais, suas carreiras, em prol do próximo. De algo que julgam maior: a Família. E a manga é azeda, hein? É preciso muito desprendimento. Já vivenciei os dois lados da moeda e posso dizer que é Mil vezes mais fácil trabalhar fora do que em casa. Eu acho! E ando pensando serinho no assunto de novo. Mas, voltando, quero dar os parabéns às Mulheres que estão aí fora, firmes e fortes, defendendo seus Lares, ao lado dos filhos. Não tem nada de menor nisso, de vagabundice, preguiça ou incompetência. Aliás, é o oposto. É preciso muita competência e inteligência para ser Mãe de carteira assinada e papel passado. É imprescindível ter capacidade de administração, conhecimento em economia, informática, gestão de pessoas, falar Google fluentemente. Visão Estratégica. De Mercado. Disponibilidade para viagens, acesso à cultura. Além de um bom relacionamento interpessoal,  habilidade para trabalhar em equipe, espírito de liderança, talento para lidar com o imponderável, gerenciamento de crise, otimismo, proatividade, criatividade, disponibilidade total e absoluta. Vestir a camisa da empresa. Cansaram? Tem mais, Mãe não pode errar. Não há plano B não. Muito estressante o cargo, isso sim! Selvagem!!! Vai ver, por isso até hoje ninguém criou o “Bolsa Mãe”. Muito alto teria que ser o valor. O salário seria calculado com base em um cargo corporativo, somado aos ganhos de uma boa babá, mais os benefícios. Ih! Será? Agora me deu até ideia. Enfim, ser Mãe é ..... ralar para cacete.

Até a Próxima!

Paula Santtana 

LITERALMENTE!

Google Imagens



Uma amiga que tem um filho com pouco mais de uma aninho de idade está esgotada. É visível. Alma,mente e corpo completamente exaustos, consumidos e sugados pela opção de ser mãe no mundo moderno. Ela trabalha duro. Pega às nove. E para estar em ponto no local de trabalho, que fica do lado oposto da cidade, podem imaginar a que horas precisa acordar?! Selvagem! E quando o dia corporativo termina, lá pelas oito da noite, ainda tem que resolver as coisas da casa, do filho, se dedicar a vida conjugal.
Estou lendo um livro chamado “Faça Acontecer”, escrito por Sheryl Sandberg, alta executiva do facebook .Para ela, nós, as mulheres, ainda sofremos porque cultivamos o velho hábito de não reivindicar. E acha que este comportamento é uma grande sacanagem de nossa parte com aquelas outras mulheres, sabem, que lá atrás queimaram sutiã em praça pública, brigaram muito para que tivéssemos mais espaço, respeito e principalmente: o direito de escolha. Ainda não terminei de ler, confesso que nem cheguei na metade ainda, mas até aqui, a autora acredita que é possível conciliar maternidade e carreira sim. Desde que queiramos. E ilustra com simplicidade. Conta, por exemplo, que uma funcionaria grávida de determinada empresa em que trabalhou no passado decidiu solicitar que no estacionamento privativo da corporação, as gestantes tivessem prioridade sobre os demais empregados. Resultado? Foi atendida. Conclusão? As colegas de trabalho estão até hoje se perguntando por que não fizeram isso antes. Então, de acordo com a lógica de Sheryl, diante de tecnologias tão avançadas à nossa disposição, por que não batalhamos por uma rotina menos cruel? Por que vivemos um desgaste tão grande diariamente? Seria por medo de perder o emprego? De exposição? Ficarmos marcadas? Insegurança profissional? O milenar complexo de inferioridade? Ou será que de maneira inconsciente nos punimos e nos sabotamos por desejarmos ocupar um espaço que teoricamente seria “exclusivo” dos meninos? Pior, sentimos culpa por sermos tão boas quanto eles? Muitas vezes até melhores?
Passei a vida presa aos dilemas propostos por Sheryl Sandberg que envolvem toda esta engrenagem de ser ou não ser. Principalmente porque meu instinto materno sempre foi muito forte, aguçado e como fui mãe muito cedo, nunca me conformei com a rigidez imposta pelo mercado de trabalho. E continuo achando ridículo, ainda hoje, em pleno século XXI, que não haja uma política efetiva neste sentido, que não tenhamos horários mais flexíveis, formatos alternativos. Ninguém me convence de que o modelo estabelecido seja satisfatório ou um sucesso.  Que seja saudável. Alguma coisa sempre fica pendente: ou a educação das crianças ou o trabalho específico ou então a saúde de alguém. Existe mulher biônica? Bem, eu não tenho uma estatística, mas o que vejo a minha volta o tempo todo é muito preocupante. Exemplos: Uma amiga (e não é a do inicio do post) acaba de descobrir uma bola situada entre o fígado e o rim, vai ter que operar de emergência e segundo o especialista que a acompanha,  um conjunto de fatores como má alimentação, noites mal dormidas, somatizações favoreceram o aparecimento da tal “coisa”. Outro: minha vizinha não engravida de maneira nenhuma e os médicos dizem que o problema dela foi a falta de utilização do aparelho reprodutor. Ou seja, as mulheres estão demorando muito para engravidar, enfatizam a carreira antes de tudo e o organismo não entende tudo isso. Conclusão: dá defeito.  E talvez agora ela nem possa mais ser mãe. Selvagem! Mais um ainda: outra amiga acaba de se operar e, de acordo com o especialista que a assiste, o nome do problema é estresse. Ela vai ter que dar um tempo na marra. Isso sem contar as que precisam de um gole todos os dias, nicotina, remédios para dormir ou que começam a ter distúrbios sérios como a obesidade porque encontram na comida a válvula de escape. E olha que os parceiros de hoje, graças às queimadoras de sutiã lá do passado, até ajudam um pouquinho, hein?! Trocam uma fraldinha aqui, participam ali, pegam na escola, levam no futebol, enfim, colaboram, mesmo que de leve. Já pensaram se nem isso?
As coisas estão fora do ideal e Sheryl nos desafia a buscarmos o melhor. Eu concordo. É urgente esta mudança, nem que seja para salvar as gerações futuras de visões distorcidas. Como assim? Sabem aquela amiga do início do post? Que está exausta? Pois bem, ela acha que o filho é muito agitado, é acelerado além da conta, cansa ela de mais, não para um minuto. O menino? Absolutamente normal. Só que começou a andar recentemente, está na fase das descobertas, quer desbravar os ambientes. Percebem o descompasso entre mãe e filho? E tome tablet para manter a criança quietinha, paradinha, sentadinha, tipo “bonequinho da mamãe”.  E antes que interpretem como uma crítica, já aviso que, ao contrário, sou é totalmente solidária a minha amiga. A todas elas, aliás. Me dá embrulho no estômago a crueldade do sistema vigente. Literalmente!

Até a próxima!

Paula Santtana