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De
repente eles começam a ter acesso ao mundo. As vogais representam o passaporte
para o esclarecimento. As consoantes o visto.
Cresceram. O processo de alfabetização é encantador. Observar o desenvolvimento do ser humano nesta fase é mágico. De emocionar mesmo. A alegria que uma criança expressa ao escrever o próprio nome é contagiante. Eu sempre choro. Foi lindo com 01, 02, 03 e agora com o pequeno 04. Quem tem filhos, trabalha ou convive com universo infantil, entende bem o que estou dizendo.
- Mamãe, eu já sei escrever “mamar”, quer
ver? É assim ó: três morrinhos e o A, mais três morrinhos e o A de novo e no
final a letra do nome do Rafa, viu?
Nem
preciso dizer que passei mal de rir. Tudo bem que mãe sempre admira as
peripécias dos filhos, mas foi engraçado assistir a simplicidade com que o
menino dissecou a palavrinha preferida. Em seguida as lágrimas escorreram pelo
meu rosto. Em abundância. Claro, meu filho agora está salvo. Só vai ser
enganado se quiser. Pedi um bis para ele. Gravei, lógico! Graças a Deus sou mãe
na era hi-tech. Celular em punho para
registrar momentos especiais com praticidade e rapidez. Não tive coragem de corrigir nem a entonação do moleque. Aprendi, recentemente, que estes são os chamados “erros construtivos” e que nós, os pais, não devemos frisá-los como equívocos. Interessante. Pensando bem, faz todo sentido. Ou vai dizer que a letra “m” não parece mesmo com três morrinhos e que o “r” não é a letra de Rafael?
- Que máximo, querido! Isso mesmo, filho!
Parabéns!
Estimulei
com vontade o caçula. Segundo a professora dele, uma conduta positiva dos pais
ajuda e muito a desenvolver o raciocínio lógico dos filhos. Falam muito em proatividade,
iniciativa, mas é na infância que construímos ou não estas habilidades. Me
ensinou que antes de retificarmos qualquer dever ou resposta é importante
perguntarmos como foi que chegaram a determinada conclusão. Me contou que um de
seus alunos se recusou a pintar de amarelo a figura do cogumelo, conforme pedia
a tarefa, porque para a criança o desenho era de um champignon e não de um
cogumelo.
- Mamãe, a tia disse que a abelha era para fazer na cor azul, mas só que aqui não tem abelha nenhuma. Abelha tem o rabinho mais
pontudo, um ferrãozão que machuca muito, é listrada de amarelo e preto e não
tem asa desse tamanho. Isso aqui é uma mosca horrível e nojenta e se é para ser de alguma cor, vou ter
que apontar o cinza escuro, tá bom?
Confesso que achei muita lucidez para discordar.
Até
a próxima!
Paula Santtana