MENOS EU E MAIS NÓS


 
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- Mamãe, manifestante é mau! Quebram tudo, batem nas pessoas, sangram todo mundo e ainda colocam fogo. Por que a policia não prende logo essas pessoas? Eu que não vou! Deus me livre!
Nem por um minuto me passou pela cabeça que os meus caçulas pudessem estar recebendo a notícia de maneira tão distorcida. Quer dizer, mais ou menos, já que as imagens são claras e exaustivamente repetidas. Como explicar? Gente, confesso que as vezes eu apelo feio. E para defender o Brasil em momento tão incrível da sua história, não tive dúvidas:
- Olha, essas pessoas que promovem a violência se chamam baderneiros. Vândalos. Manifestante quer paz. Ônibus bonito, hospital lindo, escolas maravilhosas. Para todos nós, inclusive. Sabem aquelas crianças que sentam lá atrás na sala de aula e ficam fazendo a maior bagunça? A tia quer ensinar, os outros alunos querem aprender, mas os meninos bagunceiros não deixam? É isso! Quem quer aprender é manifestante e quem não quer é baderneiro.
Os pequenos engoliram minha explicação, mas se recusaram a ir comigo na passeata da família. Estavam com medo e pronto! Já o adolescente, estava louco para ir às ruas. Insistindo para irmos ao manifesto. O geral, não o das famílias. Claro! Jovem quer emoção, lotação, empolgação forte, berros, apitos e tudo o mais. Ai! Como ando louca atrás de um apito potente também. Mas para usar aqui em casa, na lida com os meninos. Os psicólogos que me perdoem, mas seria uma mão na roda. Apito para a tropa!!! Mas, voltando, filho ensina:
- Mãe! Logo você não vai se juntar aos demais??? Pô, está na hora de sermos menos a gente e mais os outros, sabia?
Verdade. Como ficar em casa, assistindo pela televisão, sem fazer nada de útil, nem que seja só número?!?! Meu rapaz tinha toda razão. E mãe precisa dar o exemplo. Ok, Ok, vamos às ruas. Coloquei uma bermuda, camisa do Brasil, tênis e vamos que vamos.
- Mãe, não pode usar camisa do Brasil com o símbolo de instituições, sabia?!?! Você não ouviu? Não leu? “... Da Copa, da Copa, da Copa eu abro mão, eu quero mais dinheiro para saúde e educação...”  Eu já estava lá na rua e tive que voltar. Nada de camisa do Brasil. Entendi! Faz sentido. E todo o diálogo entre mim e ele, compartilhado em tempo real, pelo twitter, com os outros amiguinhos. Selvagem! Por medida de segurança, não levei o meu celular. Grave erro, já que tudo na manifestação acontece também em tempo pela rede. Irado!!! E vale ressaltar que deixei o aparelho em casa mais para protegê-lo de mim do que propriamente por medo de “gatunos”. Aliás, passeata super pacifica! A maior paz, uma emoção. “Quem apoia pisca a luz, quem apoia pisca a luz.” Nossa! Lindo de ver a orla inteira piscando em solidariedade. De arrepiar. Valeu a pena. Pelo patriotismo, cidadania, sensação de dever cumprido, mas, principalmente, para que meus filhos pudessem ver a mãe chegar inteira em casa, junto com o irmão e, então, perderem totalmente o medo de manifestantes e manifestação. 
- Mãe, leva agente na festa do Brasil da próxima vez?

Até a próxima!!!

Paula Santtana

O QUE É QUE TEM?

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O amor está no ar. Semana de Dia dos Namorados é assim, desde que me entendo por gente: coração cor de rosa para todo lado. É facebook, vitrine, todo mundo amando, sendo amado, meloooso .... claro, natural, não poderia ser diferente mesmo.
Minha filha está apaixonada por um menino da classe dela que, por sua vez, arranca suspiros das outras meninas da sala também. O garotinho é uma gracinha, lindinho, charmoso, elas têm bom gosto, um príncipe e, para não ter briga, desavenças e etc, a solução adotada por eles foi prática e objetiva: namoram todos ao mesmo tempo. Quer dizer, ele namora com as nove ao mesmo tempo. Isto mesmo? Entraram num acordo, sem problemas, tudo numa boa, como diria Rasputia Norbit.
Mãe costuma ter mais ciúmes de filho homem, é verdade, mas, confesso que esta história de minha filha já querer namorar e, namorar um “aprendiz de sultão”, aos oito anos de idade, mexeu fundo comigo. Lá no âmago, sabem? E não sou nada feminista não, eu juro, muito menos moralista. Mas me pergunto: que geração é essa? Perdi alguma coisa? O Islã é aqui? Ou é a tal da evolução de Darwin? Já estão nascendo generosos? Tô pirada? Meu marido acha que talvez eu esteja dando muita importância ao assunto, que a coisa toda pode ser lúdica para eles, que de repente estou neurotizando e blá blá blá.  Isso me confundiu um pouco mais, confesso. Estou na terra? O pai da princesa está tranquilo diante da provável vocação da filha para viver num harém? Oi? 
- Mamãe, sabe o que aconteceu no Dia dos Namorados comigo? Eu não ganhei uma rosa, sabia? Todas as meninas namoradas ganharam, menos eu e por sua culpa, tá bom! Foi você que mandou eu terminar com ele, agora ó ... eu que fiquei sem. O que é que tem ele ter um monte de namoradas? A gente não liga? O que é que tem, mãe? Nós somos amigas, ué!
A gente não liga?!?! O que é que tem? Bem diz a minha irmã que vivemos a era do “o que é que tem”. O que é que tem colocar o pé no sofá, matar a mãe, agredir filho, botar fogo nos outros, bater na professora, espancar o aluno, furar a fila, não cumprimentar o porteiro, desperdiçar água, jogar comida fora, roubar dinheiro da saúde e da educação, namorar várias ao mesmo tempo, destruir patrimônio público e por aí vai. Selvagem!!! Fui procurar a opinião de especialistas. Lógico! Tenho a missão de educar direito, sem misturar meus sentimentos, as minhas convicções, com a realidade.
Mãe, acho sua preocupação super pertinente. Não pela questão moral, ainda, embora um incentivo deste naipe no momento, possa significar um problema no futuro, mas, principalmente, pela imaturidade inerente. São crianças, precisam viver esta etapa e namoro não cabe agora. É hora de brincar de pique, pular corda, correr, pular, gastar energia. Nada de erotizar o que já esta para lá de erotizado. Além disso, me parece que a situação toda, agrava um pouco mais a competição feminina. A palavra mais uma vez é LIMITE. E se for preciso, converse com os ouros pais também, afinal, pensa comigo, o “pequeno sultão” não sai para comprar os presente, as rosas, os mimos charmosos que oferece sozinho, sai?

Até a próxima!

Paula Santtana



SELVAGEM PARA CACETE!


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Olha ... eu acho que criar um ser humano é um dos desafios mais complexos que existem. É muito difícil mesmo!”
O desabafo da mãe de Tatá Werneck, durante um quadro sobre a filha no programa do Faustão, me fez bem. Muito bem, aliás. Claro, não sou a única que sente o quão “selvagem” é o “Adorável Mundo da Maternidade”. A mãe da Tatá também sente. Que bom! Eu sou normal. Não sou fraca, densa, cheia de questões, com hormônios em excesso. Não! Eu sou gente de verdade. E no mundo em que vivemos, essa ficha só cai quando mulheres deste naipe confessam tais fragilidades. E por que no mundo em que vivemos? Porque hoje tudo gira em torno da imagem ideal e da perfeição. E por que deste naipe? Ora, porque não é qualquer uma que poderia ser a mãe da Tatá Werneck. E por quê? Porque crianças do tipo "Tatá" demandam dos pais uma maturidade, uma sensibilidade, uma humildade e autenticidade além da conta, acima da média. E por que do tipo "Tatá"? Porque são pessoas que nasceram para serem artistas e nada mais.
Meus filhos possuem um lado atlético e artístico muito forte. O mais velho, por exemplo, sempre desenhou para cacete. E desculpem o termo chulo, mas às vezes, só as palavras de baixo calão podem expressar na íntegra nossa admiração ou indignação sobre determinada coisa. Bom, mas decidiu que vai ser economista. E eu? Louca da vida! Aqui na minha selva, a situação está rolando às avessas. Puxa, eu passei os últimos dezessete anos pendurando as “obras de arte” da criança pela casa, guardando seus desenhos e pinturas, justamente para que ele sempre pudesse lembrar do dom que Deus lhe deu e .... foi em vão? Quase imploro para ele fazer artes plásticas, desenho industrial, arquitetura, design, qualquer coisa onde possa empregar sua criatividade e ... nada? Está fechadinho com os números e eu que me acostume? E minha angustia, eu explico, é porque acredito mesmo que pessoas assim, como meu filho, podem fazer muito mais pelo mundo do que julgam. Enxergam o que a maioria não é capaz de ver. Observam mais, possuem uma sensibilidade exacerbada, escutam mais do que falam e por isso nos encantam com seus desenhos, pinturas, interpretações, canções e criações. Mas, fazer o que, se resolveu que vai passar a vida na chatice dos números?!?! A mãe que vá para .... com seus achismos
- Ô mãe, do jeito que você fala, parece até que eu sou o Leonardo!!!
Tá bem, ele não é um Da Vinci, ok, mas são incríveis as cidades que projeta, as caricaturas, o senso de humor do adolescente. Eu vejo talento nele. Mas, para passar bem longe da calculadora. E suas criações poderiam significar muito mais na vida das outras pessoas do que os números que ele pretende estudar. Eu acho! Ele diz que é prepotência minha. Que é melhor eu relaxar porque ama tanto a matemática que já fez a sua escolha. Confesso que para mim é duro. Esta sendo duro. As pessoas deveriam escolher suas profissões baseadas no que podem produzir para o todo, a partir de um dom que receberam do universo. Simples Assim! Mas, uma pena, parece que a humanidade resolveu que é melhor garantir a estabilidade, a grana e virar funcionário público!!! Sem desmerecer a classe, por favor. Vai ver por isso tanto egoísmo, depressão, síndrome do pânico, estresse violento circulando por aí. 
A escola que expulsou a Tatá Werneck ou melhor, convidou-a a se retirar com crucifixo em punho, é a mesma do meu primogênito. E lá, realmente, artistas, atletas e crianças que tenham músculo ocular preguiçoso não têm vez. Nenhuma por sinal. O filho de um amigo também foi convidado a sair por possuir este tipo de deficiência. A do músculo preguiçoso, não, a da Tatá. Essa escola tradicional do Rio de Janeiro prima pela excelência do ensino, pela imagem de mercado, mesmo que para isso tenham que cuspir na tal da pedagogia, nos dons do Espírito Santo. E não é crítica de mãe recalcada não. Verdade! Apenas constatação da realidade. Tenho até a sensação de que promovem algum tipo lavagem cerebral. Paranóia? Lógico que se tudo der certo e isso quer dizer, se meu filho for feliz e realizado na vida, mais alguns anos estaremos juntos, eu e ele, rindo disso tudo. Agora, caso contrário .... vou convencê-lo a unir o útil ao agradável: Amor da minha vida, pega o que aprendeu na economia, sua facilidade para desenhar e cria algo interessante em cima das suas análises! Mãe é assim: Não desiste nunca da felicidade da cria. E com tantas questões latentes, como não me emocionar diante da trajetória da mãe da Tatá? Gostaria do telefone dela ... trocar uma ideia .... virar amiga ... brincadeira, amiga não. Mas umas sessões coletivas para falar de filhos seria bem legal, afinal, concordo com ela completamente: esse negócio de criar filho é selvagem para cacete!!!

Até a próxima!

Paula Santtana