Paula Santana |
Janeiro, auge do verão brasileiro, férias escolares, “momento
família” em alta e junto com toda esta alegria, gigantescas listas de material
escolar. Patético. Todo ano, durante os últimos quinze, me pergunto para que
servem tantas exigências. Pen drive para a educação infantil? Tá tudo bem, as
crianças de hoje já nascem mexendo no Windows, ok. Mas nanquim numero y, com a
ponta w e o contorno z, serve para quê?
Acho as escolas precárias. Ruins no que se propõem. Mesmo
as melhores. Muito dever, muita demanda, material em excesso, o que condena
prematuramente pobres esqueletos a ficarem tortos. Que testemunhem os ortopedistas. Enquanto
isso, redações horríveis, raciocínio lógico zero, decoreba dez. E a paranoia do
Enem correndo solta. Eu que o diga. Visitando algumas escolas me peguei assim:
“ Vocês se preocupam com o vestibular? A
escola está atenta?” Hã? Não me reconheci. Cruzes! Não parecia eu.
Mas um sistema medíocre vai contaminando. Se não cuidar, pega. Como vírus.
Me lembro uma vez, na fila de uma papelaria famosa.
Eu só com um filho. É, faz tempo isso. A mulher à minha frente com cinco
crianças. Eu com um carrinho cheiérrimo. Ela, com cinco cadernos, cinco estojos
completos e só. Tudo numa cesta. Não preciso nem dizer que morri de inveja. Morro
até hoje só de me lembrar. Tenho ódio de mim por não ter perguntado onde a
turminha dela estudava. Como se não bastassem as mensalidades astronômicas. Às
vezes me pergunto se os profissionais de educação têm filhos. Não é possível
que sejam pessoas normais as que elaboram essas listas. Devem ter algum
problema, algum tipo de complexo e sentem prazer ao pensar em nós, pais, cheios de dívidas, como burros de carga ao deixarmos as papelarias e livrarias da
cidade. E o saco de aguentar as matérias dos programas dominicais sobre o tema.
Todo ano a mesma coisa. E nada muda. Nossa! Será que só eu me incomodo? Me sinto tão só ...
É o país do desperdício mesmo. É bonito esbanjar. Patético. Água, luz, comida. Como pode mudar tanto livro de um ano para o outro? E ainda assim as crianças não saberem nada? Como é
possível uma criança custar R$ 1.500,00 só de material escolar? E nem
assim subimos no ranking mundial. Patético, não me canso de
repetir. O que mais me choca é a apatia. Pais, mães, alunos, professores, todos
à mercê de um sistema que cada vez mais aniquila a possibilidade de se fazer educação
com qualidade no Brasil.
Até a próxima!