"IMPE .... O QUÊ?"


Ilustração: Raphael Santana


Depois de horas de espera no “SUS Particular”, o diagnóstico: “Mãe, é impetigo.”
“Oi?”
     Gente, um aparte: eu detesto essa coisa de “Mãe”. Desculpem, mas tenho nome. Que coisa chata! Não? Eu que sou antipática? TPM?
      Outro aparte: impetigo não é coisa do passado, bem passado? Tipo quando minha avó era bem pequena? E também não é doença de criança sem cuidados mínimos ou que vive em condições precárias de higiene? Como é que um filho meu pegou esse troço nojento?
     Sacaram a soberba? Como, um filho MEU!? O ser humano é pândego. Isso, sem contar que na noite anterior eu jurava que alguém tinha queimado o garoto. Encanei com maus-tratos. As feridas são iguais a queimaduras de cigarro e isso foi o suficiente.  Pronto! Usei toda a psicologia de almanaque. Desenhos, conversa, o recurso do irmão detetive, enfim, tudo que pudesse levá-lo a confessar que sofrera de alguma forma nas mãos de alguém. Imagina!?! Rsrsrsrs, que ridículo!
     Como só confio e acredito nas palavras do médico oficial das crianças, claro, liguei para ele correndo. Precisava confirmar o que a desconhecida “ Dra. Emergência” dizia sobre o MEU filho. Coitado! Foi uma avalanche de perguntas.
Mas como se pega isso? Foi o cachorro? Você acha que devo dar o animal? Isso pega em mãe? É muito contagioso?
     Pediatra sofre. Se tivesse escolhido esta profissão, só andava disfarçada. Já viram como penam em festa infantil ou reunião escolar? Nossa! É uma questão atrás da outra. Meu Deus do Céu! As mães são incontroláveis. Somos “soviéticas”. Bom, mas isso não tem nada a ver com o assunto. Voltando à vaca fria, fiquei bem chateada com o tal do impetigo. E não teve jeito. Foram sete dias de antibiótico, de seis em seis horas. É selvagem ou não é? Faz as contas. Quando a gente pensa que finalmente vai dormir uma noite inteira, aparecem estas contingências particulares. Depois eles começam a sair, ir para a “night”... Acabou a possibilidade do sono pesado e tranquilo para sempre. Mesmo quem conta com um séquito de babás, imagino. Mas isso já é pauta para outra conversa.

Até a próxima!

Paula Santana