“Mãe, adoro suas crônicas. Por que
esta semana você não escreve sobre como educar? Tipo os dez passos de uma boa
educação?”
A pergunta do aborrecente me
encheu de alegria. Primeiro, pelo elogio ao projeto e segundo, pela confiança implícita:
se ele quer que eu “ensine” a educar, é porque acha que foi bem educado. Que
Fofo!!!
Reconhecer no filho um amigo, um parceiro, um companheiro de vida, é
algo bastante especial. Comparável ao sentimento indescritível do nascimento de
uma criança. Significa que vencemos no amor e na guerra. Que todos os erros e
culpas, todas as dificuldades vividas, valeram a pena.
Criar um filho é muito mais que ensinar matemática, português, geografia
ou história. Mais complexo que preparar para uma boa faculdade, para uma vida
de sucessos. Criar um filho é fazê-lo perceber que mesmo fazendo tudo certo, as
coisas podem dar errado. Que o importante é não desistir. Que as frustrações
são reais, que os fracassos fazem parte, mas que sem um e outro, é impossível
chegar ao topo. E chegar ao topo significa alcançar o equilíbrio, a
generosidade completa, a caridade verdadeira, abandonar-se na vida, aprender a
rir de si mesmo, amar antes de tudo. Piegas, mas verdadeiro. É batata! Ame cada
virgula e pequenos milagres começam a ocorrer. Incrível! Podem testar.
O carro, a casa, o emprego, a “vida dos sonhos”, o dinheiro, tudo é
legítimo, importante, mas só se a essência for forte. Basta um emocional frágil
e medíocre para todo o resto ficar sem sentido. Não. Nunca quis filhos
solitários, perdidos ou com dificuldade de trabalhar em equipe. Sempre tive
pavor de pessoas insatisfeitas, que estão sempre competindo ou de olho no que é
dos outros. O mundo não precisa mais disso. E pai e mãe tem obrigação de
corrigir certos defeitos enquanto é tempo.
Esta semana posso dizer que sou 100 por cento bem-sucedida em minha
primeira missão. Embora eu não tenha nas mãos um boletim repleto de notas 10,
sou mãe de uma das melhores pessoas que já conheci. Meu filho está pronto para
a vida. Pronto para ser um Bom Homem. Alguém a mais para pesar no pêndulo da
harmonia e da paz mundial.
O que mais posso querer da vida? Simples. Que minha tarefa com os outros
três termine da mesma forma. Continuo
trabalhando duro para isso e rezando também, claro. Uma ajudinha sempre é
necessária.
E antes que alguém pense que este post é para enaltecer meu Ego, minhas
qualidades como mãe, digo que não. Sinto decepcionar. Disse ao adolescente que não posso pontuar passos ou mandamentos. E sou incapaz de fazê-lo porque
filho não vem com Bula ou instruções de uso. Uma pena, inclusive. Cada um é
de um jeito e nos enlouquece de forma particular. Ele, especificamente, nasceu
com boa índole, veio meio pronto de fábrica, fácil de moldar. Ainda não posso ganhar o título de "Dra. Educação". Para isso, vou precisar ter 100 por cento de aprovação com os outros três também. Falta chão. Não tenho know-how suficiente e por enquanto, sou apenas uma "aprendiz de feiticeira".