Ilustração: Raphael Santana
“01” nasceu sem o menor interesse por futebol. Já o
“04” beira o fanatismo.
Explico.
O “01” é o primogênito de quatro filhos, um adolescente que até outro dia não
fazia ideia do que era impedimento. Vivia completamente alheio ao mundo
da bola.
“04”, o caçula de cinco anos, ao contrário. É superinteressado,
antenado, sabe tudo, sonha em ser como o Neymar.
- "Faz o penteado igualzinho,
hein?! É tudo para cima", diz o menino toda vez que sai do banho.
É flamenguista roxo, convicto, mas reserva um
lugarzinho todo especial dentro do peito para o time da Vila Belmiro, o Santos
de Pelé. É o fenômeno Neymar no ataque do Peixe. Fazer o quê!?!
O comportamento de “04” é tão curioso, que seduziu
toda a família. Não tem a menor graça assistir a um jogo sem o “Pirralho”. É
tão encantador, que até “01”, aquele que nem sabia o que era impedimento,
hoje reconhece Ronaldinho Gaúcho à frente do Atlético Mineiro. Mais: é ele quem
lê o Caderno de Esportes para o pequeno, ritual do qual o garotinho não abre
mão e que se tornou um momento de total integração entre os dois extremos da
família. Lindo de ver. Delicioso de viver.
O universo infantil é
emocionante justamente pelo fator surpresa. É a completa ausência de
coerência que deixa tudo mais interessante. Aqui, no meu “Adorável Mundo
Selvagem”, não poderia ser diferente: quem ensina é o “Pirralho.
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