THE BOOK IS ON THE TABLE


Mariana Santana



- Boa tarde! Sou a professora do curso do seu filho, como vai?
Nossa! Um frio correu a minha espinha. Quem é mãe, sabe que ninguém telefona do cursinho de inglês dos filhos, a não ser que amáveis “anjinhos” estejam tentando ofuscar o brilho da atriz principal: A teacher.
- Sim, tudo bem, obrigada. Em que posso ajudar?
Dito e feito. Por que não acerto na loteria?
- Acho que o seu menino não está interessado em aprender. Pior, não quer que os colegas aprendam. Dispersa a turma o tempo inteiro e blablablablablablabla.
Às vezes, na vida, a gente tem vontade de dar umas respostas do tipo: “O que posso fazer se o garoto tem carisma?” ou ainda: “Jovens merecem professores interessantes. Que prendam a atenção, estimulem o raciocínio, consigam despertar a vontade de estudar na adolescência. Lembra de nós? Por que você não experimenta passar um episódio de C.S.I. em sala? Revange, Law and Order ....
Só um desabafo, gente! Claro que não abri minha boca, ouvi o pito inteiro caladinha. Lógico! Mas, ninguém gosta de ouvir falar mal da cria, vai?!?! Sobe uma raivinha pela garganta! É o mesmo que falar mal da gente. Jogar na cara que fracassamos. Que o trabalho está mal conduzido. Por isso meu primeiro impulso do gênero reativo, tipo assim: Poxa, em vez de falar mal do meu filho, olha para o seu umbigo!!! Já que vai preparar o “The book is on the table”, por que não prepara o The best “the book is on the table” in the world? E neste caso, no lugar de "do meu filho", substitua por "mim". Fez sentido agora o meu sentimento? Bom, mas uma coisa não justifica a outra. Eu sei! Tenho aprendido, na verdade. E em tempo real.  Nada de reações e sim, ações. Pena que não podemos ensaiar, né? Treinar antes do “Gravando”. Bem, mas já que não tem jeito ..... vamos ao ponto: Proatividade diante dos obstáculos e sendo assim ..... perdeu, filho! O castigo vai ser inevitável. O papel de mãe é educar, criar para o mundo, pipipi, pópópó, pão quente, embora muitas vezes dê uma baita preguiça, convenhamos. É muito cansativo falar mil vezes a mesma coisa, ser a bruxa da brincadeira dia sim e outro também, encarnar a alma jesuíta que não temos, enfim, só Jesus na causa. Mas agora é tarde para vitimizações. Não coloquei filho no mundo? Alguém disse que seria fácil? Não! Então ...
- Querido, sinto muito, mas estão suspensas festinhas, saídas, pistas de skate e tal. Não admito, nem por hipótese, receber reclamações de conduta. Educação adequada é básico e fazer bagunça em sala de aula é muita falta de educação. Pior, desrespeitar professor é de quinta categoria. Independente de razões e emoções, é indiscutível a consideração e a deferência que devemos ter diante dos Mestres. 
Os argumentos proferidos em causa própria foram os mais variados. De uma criatividade admirável, inclusive. Todos furados, também, embora identifique inteligência nas tentativas. Selvagem! Jovens insistem em testar a nossa paciência. O Q.I. dos pais. E com um afinco!!! Antes tivessem a mesma disposição para os estudos, a leitura, os bons modos ... O lado bom e, existe um lado bom em tudo, é que segundo especialistas, meu filho está dando trabalho na hora certa. Tudo correndo dentro do esperado. De preocupar são os que pulam etapas. Crianças e adolescentes muito comportados, precoces, maduros, gente que tenta ser perfeita para atender expectativas soviéticas. Estes sim, são fortes candidatos ao desajuste no futuro, síndromes e outros bichos variados. O relevante nisso tudo é impor limites. Deixar claro para o filho que "há regras em Moscou" e ele vai ter que respeitar. Que papai e mamãe estão alinhados com os professores da escola, do cursinho e do futebol, natação ou judô. Todos juntos, em equipe, no time da Educação.

Até a próxima!

Paula Santana