HABEMUS PAPAM!





Habemus Papam!
Só se fala em Francisco. Desde que anunciaram o novo líder da Igreja Católica, todo dia é dia de falar sobre isso. Onde nasceu, estudou, quem namorou, a vida em família, a infância, enfim, o mundo em função do Vaticano. Ou melhor, a mídia em função do Vaticano. Confesso que em meu lar o assunto “religião” também está bem vivo. Não pelos motivos coletivos atuais, mas pelas questões particulares que andam despertando o interesse dos meus filhos.
   -   Mamãe, por que esmagaram a mão de Jesus daquele jeito?
Oi? Que pergunta é essa, meu Deus? Não basta ser mãe, tem que ser teóloga? Nossa! Eu sempre digo: Quer descobrir os prazeres da vida selvagem? Tenha filhos. Uou! Olhei para o céu, apontei as gaivotas, mudei o assunto e .... cinco minutos depois:
   -  Mamãe, é verdade que maltrataram Jesus porque acharam que ele era um mentiroso?
Senhor! O que dizer? O pior das perguntas na fase dos “por quês” é que elas costumam desencadear novas perguntas. É terrível!
   -   Vamos brincar de bicho? Sugeri com muita animação. Eu falo as características e quem acertar, ganha uma surpresa.  
Bingo! Deu certo. Brincamos, jantamos, assistimos TV, li para eles e quando eu pensei que tudo estava sob controle e todos  dormindo, veio a bomba:
  - Mamãe, quer dizer que se eu mentir bem grandão, vão pregar as minhas mãos igual fizeram com Jesus?
Socorro! Alguém pode me salvar? De noite é covardia! Cruzes! O corpo pesa. A cabeça já foi para algum lugar e a pilha dos pequeninos não acaba. Jamais imaginei  o quão difícil aos olhos de uma criança  poderia ser a história de Cristo. Bem, o fato é que a crinaça conseguiu me encurralar e não pude mais fugir.
   -   Amor, Jesus disse que era O Filho de Deus e as pessoas acharam que ele estava contando uma mentira. Só que isso aconteceu antes de descobrirem que ele estava falando a verdade. Sim, ele era mesmo O Filho de Deus. Mas pode ficar tranquilo que os mentirosos agora só ficam de castigo, tá? Sem jogar Clube Penguim. Pode dormir sossegado.
O silêncio pairou. Por minutos ficou tudo muito quieto no quarto. Será que finalmente meu garoto ficou satisfeito? Genial, eu sou mesmo incrível. Meu marido costuma dizer que não preciso de elogios e reconhecimentos. Dou conta de me autobajular com estilo. Mas, como alegria de mãe dura pouco, antes que eu pudesse continuar com a minha sessão particular de “Eu me amo”:
    -   Mamãe, então se Deus existe mesmo, por que a gente nunca vê? Qual é o problema que ele nunca aparece?
Que me desculpem os Professores, Educadores, Psicólogos, Pedagogos, Teólogos, Ortodoxos e corretinhos de plantão, mas chega uma hora em que o cérebro não concatena mais nada. Mesmo os das mães. Somos capazes de qualquer coisa por um pouco de descanso. E pensando bem, o que representa o Papa Francisco para o mundo ocidental? Hein? 
  - Como não, filho? respondi convicta. Ele está  o tempo todo na televisão? Habemus Papam!

Até a próxima!