Anne Guedes |
Então é Natal, tempo de
festas, presentes, comilança, a crônica deveria ser algo relacionado, eu sei,
mas estou com um assunto preso na garganta.
Dizem que educação vem
de berço e nada tem a ver com dinheiro. Pois bem, preconceito também. Em pleno
século ... atual (desculpem, mas sempre me perco com esta numeração), ainda me
deparo com coisas B-I-Z-A-R-R-A-S. Tipo: “Meu filho não frequenta a Zona Norte”. Ou o contrário: “Mora na Zona Sul? Ah então, tem grana”.
E as crianças vão
absorvendo tudo isso. Existe maldade maior? De maneira subliminar, incutir em
outra pessoa, indefesa ainda, frustrações e recalques pessoais? Porque me
desculpem os “Doutores”, mas, para mim, preconceito tem a ver com estas duas
coisas: frustração e recalque.
O que seria da zona sul
sem Martinho da vila? E da zona norte sem a praia?
E se sairmos do Rio, a
coisa pode ficar ainda pior. A cidade maravilhosa possui uma geografia que
integra, aproxima e este fator, atenua um pouco a babaquice. Morro com asfalto, rico com pobre, negro com branco, baianas
que jogam búzios no quintal de igrejas católicas, uma miscelânea só. "Deus" devia
estar querendo dizer alguma coisa quando criou tudo isso. Ou não, como diria "Professor Caetano".
O fato é que me irritou
profundamente saber que ainda estas mediocridades correm e com força total
por aí. Isso sem falar nos gordos. Como sofrem. Nossa!!! Essa turma sabe bem o
que é preconceito. Pergunte a um gordinho como ele se sente diante de uma
vendedora de roupas, nas cabines das lojas? E o triste é ver, constatar que tudo
isso vem de casa. E esta gente toda vai a Igreja, reza, acende vela. Bom, mas
como bem diz meu pai, em nome de Deus mata-se para caramba no mundo inteiro e
faz é tempo que isso acontece.
Então é Natal e eu aqui,
cheia de indignações e razões, quase uma “Jaborzinha”. Tá bom. Me rendo. Vou compartilhar
com vocês o que escrevi para Papai Noel este ano:
Querido Alguém da cidade que foi ao correio apadrinhar uma
criança e se deparou comigo, rsrsrsrs, não se assuste. Sim, sou uma adulta,
mãe, enfim, Como vai você e a família? Espero que bem. Minha cartinha é muito
mais uma tentativa de propagar em corrente uma ideia, do que a expectativa de
ganhar um presente do Bom Velhinho. Mas, por favor, leia até o final, antes de
me jogar num lixo qualquer. É Natal, então seja caridoso.
Sou contra cartilha gay. Sou contra cotas também. Não quero
meus filhos e nem os seus, compactuando com estas formas explicitas e
organizadas de exercer o preconceito. Eu quero e desejo que você e eu possamos ter inteligência e sabedoria, para ensinar a eles o que é respeito. Igualdade
entre os seres. Gentileza. E que eles possam divulgar pelo mundo este conceito.
Desejo também que percebam a importância de uma escola
pública de qualidade, para todos. De uma cidade bem cuidada, que inclui, que
acolhe. Que pagamos impostos altos e se alguém morre por falta de atendimento
médico ou bala perdida, isso é sim um problema de todos nós. Que enquanto vivermos este formato
egoísta e individualista, mais infelicidade e caos atrairemos para nossas
vidas. Que o importante é ter bons amigos e para isso, precisamos ser bons
amigos. Que a Matemática, o Português, a Geografia e a História são
fundamentais, se tiverem um bom caráter. Caso contrário, de nada adiantará
atrás das grades ou na imensidão da solidão. Que corrupção é uma droga ilícita e com alto
poder de destruição. Mata, aniquila, acaba com a possibilidade do justo. Que
tanto faz o sobrenome, o bairro, a conta bancaria, cor da pele, opção sexual
ou religiosa. De nada vale nada disso mesmo, independente de crenças. Aliás, conheço muito ateu com "Deus" no coração. Mas, olha, se for muito pesado, para você e para mim, batalhar por
tudo isso, desejo que possamos ao menos incutir em nossos filhos o resumo disso tudo: “Não faça com os outros aquilo que não gostaria que fizessem com você."
Um Bom Natal e Próspero Ano Novo!
Paula Santana
Até a próxima!!!
Até a próxima!!!