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A professora convocou uma reunião para
pedir a ajuda dos pais. Quer auxílio para dar conta das crianças em sala de
aula. Segundo ela, andam muito agitadas, indisciplinadas; relatou que os
professores de educação física, inglês e informática, por exemplo, não conseguem
mais concluir suas funções com o êxito desejado. Para contê-los, como reprimenda
mesmo, já tirou o pátio, o lanche, a hora das brincadeiras, da rodinha e ... nada.
Nada de mudarem de atitude. Nada mais para castigá-los também. Sendo assim, diante de tamanha
dificuldade em se fazer impor, decidiu chamar os responsáveis para conversar.
Confesso que num primeiro momento não
pude deixar de me solidarizar. Um dos meus “EUs” identificou logo alguma
semelhança entre nós:
- Que
Selvagem! Pobrezinha! Professores deveriam ganhar muito dinheiro e com direito a
todo aquele lance de insalubridade, etc e tal.
E antes que eu pudesse maturar meu
primeiro impulso, logo surgiu meu lado contestador para contrapor:
-
Mas como assim, os professores não estão dando conta das crianças em sala de
aula? Sim, porque por mais “mal-educadas” que sejam, o colégio não pode
demonstrar tamanha fragilidade frente a este tipo de situação envolvendo meninos
tão pequenos! Que mensagem vai ficar disso? Que podem tudo? São invencíveis? De
que não há limites e nem regras em “Moscou”?!?!
E de novo, antes mesmo que eu pudesse
concordar com qualquer uma das teses anteriores, minha porção esotérica
aflorou:
- Esperem.
Vamos com calma. Já pensou que podem estar sendo estimuladas de maneira
inadequada? Subestimuladas, melhor dizendo?!? Nunca ouviram falar em crianças
Índigo e Cristal?
Nossa! Às vezes eu me assusto com a
quantidade de pessoas que moram dentro de mim. É muita mulher num corpo só. Existe
a compreensiva, aquela que argumenta até
a cor do sol, a zen, a Mulher Maravilha, a vítima do mundo, tem até uma meio
psicóloga que pontuou sem pedir licença:
- Claro
que as crianças estão agitadas. Olha tudo que está acontecendo a nossa volta?!?
Como não absorverem? Amarildos, Rebecas, manifestações, violência, Black
Blocks. Crianças são como esponjinhas! Sem falar na falência das instituições
de uma maneira geral, na falta dos limites sociais. Falta Educação com “E”
maiúsculo mesmo, aquela que transcende as matérias da grade curricular.
Obviamente, vai ficar bem complicado estabelecer critérios com relação a
respeito; a história do seu direito começa onde termina o do outro. E é
interessante que a professora da escola particular tenha solicitado a ajuda das
famílias, no momento em que os professores da rede pública também imploram pelo
apoio das famílias pelas ruas do país.
Conclusão? Concordo com cada uma de mim. Acho
que todas temos um pouco de razão e com um agravante para tornar ainda mais complexa
a coisa toda: venho testemunhando uma espécie de “incomunicacão” generalizada.
Como se existisse um “microcaos” agindo na comunicação interpessoal. Esquisito
...
Bom, mas independente de elucubrações
desta ou daquela natureza, é incontestável a necessidade de agir. A minha
necessidade de agir como mãe diante da demanda da professora. De todos os
pecados que existem no quesito maternidade, acho que a omissão é o mais
prejudicial deles todos. E se coloquei filhos no mundo .... eu que os embale.
Não é assim? Com a palavra final, o meu “Eu” tolerância zero:
- Querido, sinto muito, mas enquanto você
não mudar seu comportamento, nada de games, figurinhas e outros desejinhos que
lhe são peculiares, ok?