SELVAGEM PARA CACETE!


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Olha ... eu acho que criar um ser humano é um dos desafios mais complexos que existem. É muito difícil mesmo!”
O desabafo da mãe de Tatá Werneck, durante um quadro sobre a filha no programa do Faustão, me fez bem. Muito bem, aliás. Claro, não sou a única que sente o quão “selvagem” é o “Adorável Mundo da Maternidade”. A mãe da Tatá também sente. Que bom! Eu sou normal. Não sou fraca, densa, cheia de questões, com hormônios em excesso. Não! Eu sou gente de verdade. E no mundo em que vivemos, essa ficha só cai quando mulheres deste naipe confessam tais fragilidades. E por que no mundo em que vivemos? Porque hoje tudo gira em torno da imagem ideal e da perfeição. E por que deste naipe? Ora, porque não é qualquer uma que poderia ser a mãe da Tatá Werneck. E por quê? Porque crianças do tipo "Tatá" demandam dos pais uma maturidade, uma sensibilidade, uma humildade e autenticidade além da conta, acima da média. E por que do tipo "Tatá"? Porque são pessoas que nasceram para serem artistas e nada mais.
Meus filhos possuem um lado atlético e artístico muito forte. O mais velho, por exemplo, sempre desenhou para cacete. E desculpem o termo chulo, mas às vezes, só as palavras de baixo calão podem expressar na íntegra nossa admiração ou indignação sobre determinada coisa. Bom, mas decidiu que vai ser economista. E eu? Louca da vida! Aqui na minha selva, a situação está rolando às avessas. Puxa, eu passei os últimos dezessete anos pendurando as “obras de arte” da criança pela casa, guardando seus desenhos e pinturas, justamente para que ele sempre pudesse lembrar do dom que Deus lhe deu e .... foi em vão? Quase imploro para ele fazer artes plásticas, desenho industrial, arquitetura, design, qualquer coisa onde possa empregar sua criatividade e ... nada? Está fechadinho com os números e eu que me acostume? E minha angustia, eu explico, é porque acredito mesmo que pessoas assim, como meu filho, podem fazer muito mais pelo mundo do que julgam. Enxergam o que a maioria não é capaz de ver. Observam mais, possuem uma sensibilidade exacerbada, escutam mais do que falam e por isso nos encantam com seus desenhos, pinturas, interpretações, canções e criações. Mas, fazer o que, se resolveu que vai passar a vida na chatice dos números?!?! A mãe que vá para .... com seus achismos
- Ô mãe, do jeito que você fala, parece até que eu sou o Leonardo!!!
Tá bem, ele não é um Da Vinci, ok, mas são incríveis as cidades que projeta, as caricaturas, o senso de humor do adolescente. Eu vejo talento nele. Mas, para passar bem longe da calculadora. E suas criações poderiam significar muito mais na vida das outras pessoas do que os números que ele pretende estudar. Eu acho! Ele diz que é prepotência minha. Que é melhor eu relaxar porque ama tanto a matemática que já fez a sua escolha. Confesso que para mim é duro. Esta sendo duro. As pessoas deveriam escolher suas profissões baseadas no que podem produzir para o todo, a partir de um dom que receberam do universo. Simples Assim! Mas, uma pena, parece que a humanidade resolveu que é melhor garantir a estabilidade, a grana e virar funcionário público!!! Sem desmerecer a classe, por favor. Vai ver por isso tanto egoísmo, depressão, síndrome do pânico, estresse violento circulando por aí. 
A escola que expulsou a Tatá Werneck ou melhor, convidou-a a se retirar com crucifixo em punho, é a mesma do meu primogênito. E lá, realmente, artistas, atletas e crianças que tenham músculo ocular preguiçoso não têm vez. Nenhuma por sinal. O filho de um amigo também foi convidado a sair por possuir este tipo de deficiência. A do músculo preguiçoso, não, a da Tatá. Essa escola tradicional do Rio de Janeiro prima pela excelência do ensino, pela imagem de mercado, mesmo que para isso tenham que cuspir na tal da pedagogia, nos dons do Espírito Santo. E não é crítica de mãe recalcada não. Verdade! Apenas constatação da realidade. Tenho até a sensação de que promovem algum tipo lavagem cerebral. Paranóia? Lógico que se tudo der certo e isso quer dizer, se meu filho for feliz e realizado na vida, mais alguns anos estaremos juntos, eu e ele, rindo disso tudo. Agora, caso contrário .... vou convencê-lo a unir o útil ao agradável: Amor da minha vida, pega o que aprendeu na economia, sua facilidade para desenhar e cria algo interessante em cima das suas análises! Mãe é assim: Não desiste nunca da felicidade da cria. E com tantas questões latentes, como não me emocionar diante da trajetória da mãe da Tatá? Gostaria do telefone dela ... trocar uma ideia .... virar amiga ... brincadeira, amiga não. Mas umas sessões coletivas para falar de filhos seria bem legal, afinal, concordo com ela completamente: esse negócio de criar filho é selvagem para cacete!!!

Até a próxima!

Paula Santtana